Assustados pelo caso recente da morte de um jovem durante tentativa de assalto, moradores da Ribeirânia e da Nova Ribeirânia pedem socorro.
"Hoje o cidadão tem de ficar preso", diz Wilson Picinato, trancado na fortaleza com portão do tipo "gaiola", na Ribeirânia
O assunto é um só entre os moradores e comerciantes da Ribeirânia e Nova Ribeirânia - o medo de assaltos e furtos. Grades reforçadas, cercas elétricas, câmeras de vigilância e até portões duplos revelam que a insegurança faz parte do cotidiano da região.

E não é por menos. Entre 2009 e 2010, o índice de roubos cresceu 25% na Ribeirânia e 13%, na Nova Ribeirânia. Mas os números falam menos do que um caso recente, a morte de um estudante durante uma tentativa de assalto.

Ricardo Hideo Yamada, de 25 anos, foi morto na noite do dia 29 de janeiro, na rua Otto Benz, na Nova Ribeirânia. Yamada conversava com um amigo dentro do carro, por volta das 22h, quando dois homens armados anunciaram o assalto.

O estudante foi baleado no abdome por um dos assaltantes e morreu depois de ser levado ao hospital. Um dos suspeitos do crime foi preso na semana passada, mas o rastro de medo deixado pela morte vai durar por muito tempo.

Basta andar pela região para encontrar vítimas da violência. Em apenas um quarteirão da Ribeirânia é possível encontrar quatro casas que já foram roubadas, em um intervalo de menos de dois anos. Segundo os moradores, o problema se intensificou nos últimos quatro anos, depois que a base da PM do bairro foi desativada.

"Quem mora aqui está muito assustado. Ninguém fica mais conversando na rua. Meu filho entra de ré na garagem para não dar as costas para a rua", afirma Rita de Cássia, que mora há 18 anos na Ribeirânia. "Toda semana, ficamos sabendo de dois ou três casos de violência", afirma.

Uma ex-vizinha de Rita se mudou do bairro depois de ser vítima de um assalto a sua residência. "O casal foi feito refém e bateram no marido dela", conta a moradora.
Para a autônoma Ana Maria Parra, 54, os bandidos observam a rotina do morador, antes de agir. "Os assaltos se tornaram um grande problema", afirma.

O medo da violência fez o pai do administrador Wilson Picinato, 41, criar uma fortaleza em equipamentos de segurança, depois de ser vítima dos assaltantes por três vezes, na Ribeirânia. "Em uma delas, às 15h, os bandidos aproveitaram que meu pai, de 75 anos, estava entrando em casa e o renderam. Ele reagiu e levou uma coronhada na cabeça", diz Wilson.

Na entrada da casa, há um portão duplo, do tipo "gaiola", comum em prédios de alto padrão. Travas de segurança no portão eletrônico e sensor de barreira infravermelho fazem parte do aparato. "Hoje o cidadão tem de ficar preso. Não temos mais liberdade de ficar nem no portão de casa".

PM afirma que ‘está focada’ nos dois bairros

O capitão da 2ª Companhia do 51ª Batalhão de Polícia Militar do Interior, Artur Henrique Loffler, afirmou que a possibilidade de se implantar uma nova base da PM na área depende do efetivo e do índice de criminalidade. Mas reconhece que é preciso melhorar o policiamento na região.

Hoje duas viaturas fazem a ronda nos bairros e uma dupla de motocicletas realiza o apoio nos horários críticos. "Por conta do aumento nas estatísticas, nossas operações policiais estão focadas nesses dois bairros", disse Loffler.

De acordo com ele, os moradores precisam adotar um comportamento preventivo. "Queremos ensinar medidas e cautela. A segurança é uma responsabilidade de todos", afirmou o policial.

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