Desativadas travam o avanço econômico em Ribeirão
Se estivessem em atividade, as empresas Nilza, Splash Beach e Galo Bravo renderiam R$ 5,8 milhões por ano apenas em impostos.
O cenário de abandono em nada lembra o passado recente de vigor econômico empresarial. Obstáculo ao avanço do desenvolvimento de Ribeirão Preto, seja ele imobiliário ou empresarial, pelo menos três grandes empresas sucumbiram à crise e estão desativadas por problemas judiciais.
Os reflexos disso - e nesta conta não entra a geração de empregos - vão para os cofres da cidade. Juntos, em valores de hoje, a Usina Galo Bravo, a Indústria de Laticínios Nilza e o Splash Beach Ribeirão, se estivessem em operação, gerariam R$ 5,3 milhões em impostos por ano.
O valor estimado se refere à cota parte que a cidade tem de ICMS, IPI e IPVA que o estado deveria repassar. Por mês, seriam R$ 441 mil em impostos para a cidade. Os números foram estimados pelo Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad).
As três empresas desativadas deixam de faturar R$ 453 milhões por ano, dinheiro que entraria na economia local em forma de empregos, em consumo e em impostos.
Os cálculos estimados foram feitos com base no faturamento anual de cada uma das empresas e aplicadas respectivas alíquotas equivalentes ao ramo de atividade.
Os valores foram corrigidos pelo IPCA de julho de 2012, índice do IBGE que corresponde a inflação oficial, aplicado sobre os períodos em que as corporações paralisaram as atividades.
De acordo com o levantamento do Inepad, a Nilza teria um faturamento anual de R$ 380 milhões, calculado sobre a produção de leite de 2006 a 2008.
Já a Galo Bravo faturaria R$ 67 milhões anuais com base em sua plena capacidade produtiva, em 2009, quando produzia 1,5 milhão de sacas de 50 quilos de açúcar e 55 milhões de litros de etanol.
Porte
O Splash, calcula o Inepad, teria um faturamento anual de R$ 6 milhões, dados estimados com base na operação de outros parques aquáticos de lazer do mesmo porte e adaptados para a capacidade de público.
"A perda econômica para Ribeirão Preto é inegável com a desativação das empresas e o único caso em que a redução foi suprimida foi da Nilza, substituída por outros produtores", explica o professor de Administração de Empresas da FEA-USP e diretor do Inepad, Alberto Borges Matias.
A cidade tem outros empreendimentos parados, mas os três saltam aos olhos porque estão localizados em regiões de grande fluxo de veículos.
E tem um complicador: estão em áreas urbanas de Ribeirão Preto, fato que emperra o avanço imobiliário da cidade.
Um deles, a Galo Bravo, fica na asa Norte do Anel Viário, o prédio da Nilza está encravado em marginal da Rodovia Anhanguera - sentido Ribeirão Preto-Uberaba - e o Splash está na rodovia Ribeirão Preto-Bonfim Paulista, na altura do km 311, vizinho de condomínio e em uma das regiões mais valorizadas do mercado imobiliário local.
Usina funcionou até 2010, Splash parou dois anos antes
Galo Bravo, em Rbeirão Preto, teve bens apreendidos para pagamento de parte da dívida
Se na Nilza há sinais de movimentação, o mesmo não se pode dizer do parque de lazer e da usina de açúcar e de etanol.
A Usina Galo Bravo teve a sua última safra em 2010, então gerida pelos controladores originais, depois de a usina ter passado pelas mãos do empresário Ricardo Mansur, que assumiu a direção em 2009.
O grupo reassumiu a empresa, que à época acumulava dívidas de R$ 2,5 milhões. Em outubro do ano passado, para pagar os mais de 900 ex-trabalhadores sem receber direitos trabalhistas, a Justiça determinou a apreensão dos bens da empresa para pagamento de parte da dívida junto a credores.
Segundo Dalmo Mano, um dos advogados do Sindicato dos Químicos de Ribeirão Preto, a expectativa é de que mais uma gleba de terras seja leiloada para pagar os credores.
"Pelo que estamos sabendo, o segundo lote irá a leilão e esperamos que ainda neste ano", disse Mano. A empresa foi contatada e não houve retorno até o fechamento da edição.
Toboágua
O Splash Beach ocupava uma área de 113.740 metros quadrados (30 mil ocupados com área verde), com seis milhões de metros cúbicos de água, complexo de toboágua, tinha a única piscina com ondas surfáveis da América do Sul.
Por ordem judicial, encerrou as atividades em 2008. A empresa foi construída por uma incorporadora ribeirão-pretana e depois foi vendida.
Segundo a assessoria jurídica da incorporadora, uma ação monitória tramita na 7ª Vara Cível de Ribeirão Preto, movida em 2006, porque os sócios que compraram o empreendimento não teriam cumprido com o pagamento.
Conforme o advogado, a ação foi vencida em primeira instância e houve recurso no Tribunal de Justiça, mas houve embargos de declaração. Um dos sócios teria reconhecido a dívida e restituído a sua parte para o grupo original, mas, ainda conforme a assessoria jurídica, não há como mexer no empreendimento enquanto houver a pendência, mas o estado de depredação teria sido praticado pelos compradores do empreendimento.