Falta água em Ribeirão
Meio ambiente Desgaste de máquinas, baixa produção nos poços e consumo elevado deixam 20 bairros com problemas.
O desgaste dos maquinários e a baixa produção dos poços de distribuição de água do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão (Daerp), aliados ao consumo mais elevado na estiagem, provocam desabastecimento em pelo menos 20 bairros de Ribeirão Preto. Entre os mais prejudicados estão as regiões do Alto da Boa Vista, Ipiranga, Jardim Aeroporto e Jardim Piratininga.
O problema só não é maior porque a rede subterrânea de água da cidade permite que poços de outras áreas abasteçam bairros mais deficitários.
Segundo estimativa do Daerp, 70% dos 103 poços na cidade apresentam desgaste por tempo de uso e diminuição na vazão de água produzida. Em alguns casos, o fornecimento que deveria ser de 250 mil metros cúbicos de água por hora não passa de 100.
O Jardim Piratininga, por exemplo, está há dois meses sem o poço de abastecimento e aguarda a construção de outro poço para outubro. “Além de um investimento de cerca de R$ 1 milhão, todo o trâmite para abrir outro poço pode passar de seis meses”, disse o ex-superintendente do Daerp Tanielson Campos.
A região do Alto da Boa Vista chega a ficar 19 horas sem que caia uma gota de água da torneira. Segundo o Daerp, por falta de um poço que abasteça o bairro, a região depende exclusivamente de redes vizinhas para receber água. “Não sei mais se tomo banho ou limpo a casa. A água para de chegar às 8h e só volta às 2h, na madrugada do dia seguinte” disse a empresária Maria Cristina Scaramboni, 47 anos.
O atual superintendente do Daerp, Joaquim Ignácio, disse acreditar que, com o crescimento da cidade e a construção de condomínios em regiões até então não-urbanizadas, em poucos anos haverá necessidade de ampliar a rede de abastecimento. Além disso, disse Ignácio, a estiagem e o desperdício de água, que em dias de muito quentes chega a aumentar em 30%, prejudicam o abastecimento. “A cidade não para de crescer e a população não para de desperdiçar. Não tenho como aumentar a produção de hora para outra.”
Daerp critica poços em áreas privadas
Para o Daerp, a abertura de poços particulares em condomínios e sítios prejudica a instalação de novas redes de abastecimento em Ribeirão. Segundo o órgão, o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) já autorizou a perfuração de 500 poços particulares na cidade. Uma lei estadual impede que poços sejam abertos em uma distância menor que um quilômetro entre eles. Segundo o ex-superintendente do Daerp, Tanielson Campos, em regiões como a Zona Sul a abertura de novos poços está comprometida. “Muitos condomínios têm seus poços e por isso não podemos perfurar mais nada lá.” A lei foi criada na década de 1990 para que não houvesse o esgotamento pontual da reserva de água subterrânea em locais que houvesse aglomerados de poços. Segundo o especialista em recursos hídricos Orlando Santos, o Aquífero Guarani, que abastece a cidade, rebaixou quase 60 metros, na zona central da cidade, desde 1970. (LC)