Parque vira ponto de consumo de drogas em Ribeirão
Área que abrigou Cidade da Criança está abandonada e hoje tem até local com aviso de que serve para sexo.
Vizinhos do Morro do Cipó, também conhecido como Cidade da Criança, afirmam que o local virou ponto de consumo de drogas. Doado para o município, o espaço no Jardim Zara, na zona Leste, que já abrigou um parque infantil, está abandonado e em ruínas.
A Prefeitura de Ribeirão Preto admitiu que não vai usar os R$ 300 mil de emendas parlamentares destinadas para a revitalização do local neste ano. A promessa da administração é transformar o Morro do Cipó em outro parque municipal, a exemplo do Curupira e do Luís Carlos Raya.
A antiga Cidade da Criança já teve até teleférico, mas hoje várias construções em alvenaria estão em ruínas. Em uma delas, logo na estrada do parque, uma porta no interior ostenta os dizeres "quarto do sexo". Camisinhas usadas jogadas na porta já dão o tom do uso da área. Ao andar pelo parque, é possível encontrar cápsulas de cocaína e garrafas de pinga descartadas. Não há guardas ou serventes no local.
"Costumo fazer caminhadas de vez em quando e sempre encontro latinhas, usadas para fumar crack, abandonadas", diz o cabeleireiro Osvaldo Rodrigues Costa, de 35 anos. O movimento constante, principalmente diurno, de motocicletas que entram e permanecem cerca de dez minutos dentro do parque, também dá a impressão de um tipo de serviço de entrega a usuários de drogas.
Para ele, que tem um filho de 3 anos, o ideal é a reforma da área para utilização da população. "O sonho de todos os moradores do pedaço é ver isso virar um parque de verdade. Valorizaria até nossas casas", diz.
Mantendo distância
Três famílias vivem hoje nos escombros da Cidade da Criança. Uma delas é a da dona de casa Francisca Moraes Magalhães, 43. Ela mora com o marido e cinco filhos em uma casa improvisada no parque há 13 anos.
Ela diz que a propriedade é silenciosa, mas admite que há uso de drogas pelos arredores. "Mas nunca mexeram comigo ou minhas filhas. Então, não ligo", diz. Porém, admite que, à noite, não passa pelo meio do parque. "Tenho medo de assalto. Dou a volta pelo muro que cerca o parque."
A área abandonada fica no reduto eleitoral do vereador Bertinho Scandiuzzi (PSDB), que destinou R$ 150 mil para a reforma no fim do ano passado. Marcelo Palinkas (DEM) também destinou verba de emendas para a reforma. Porém, a prefeitura marcou o início dos trabalhos para 2011.