Imóveis na City Ribeirão têm que ter 30% do terreno destinados para as áreas verdes.
ANGELA PEPE
Todas as residências da City Ribeirão, bairro com uma das melhores qualidades de vida da cidade, estão dentro do conceito de "bairro jardim". No projeto de construção devem manter 30% do seu terrreno com áreas verdes.
De acordo com Renato Zorzenon dos Santos, do Labgeo (Laboratório de Geotecnologia) da Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto), o local tem uma topografia equilibrada, sem muitos aclives e declives.
Esses fatores seriam a explicação, diz, para a diferença de temperatura registrada na região. Comparado ao centro da cidade, o bairro registra 2,5°C, em média, a menos.
A arborização da City está prevista em contrato pela Companhia City de Desenvolvimento, responsável pela sua construção. O loteamento foi aprovado pela prefeitura em 1977, época em que a única via de chegada se dava pela avenida Portugal.
De acordo com o historiador José Antônio Lages, o bairro é recente e não tem registros históricos documentados. Sobra a memória dos atuais moradores.
A City Ribeirão é o décimo quarto bairro da série "Bairros de Ribeirão" feita pela Gazeta em homenagem aos 150 anos da cidade, comemorados em 19 de junho.
O bairro está localizado na Zona Sul e é contornado pelo Anel Viário, na saída para as rodovias Anhangüera e Antônio Machado Santana.
Morador
O empresário Milton Ribeiro Caldas foi um dos primeiros a morar no bairro e lembra que o local começou a se desenvolver após a abertura da avenida Maurílio Biagi, em 1996.
Ele é dono de uma imobiliária e fala que, após eventos como a abertura da avenida e também pelos atrativos apresentados, houve uma valorização dos imóveis na região.
Caldas conta que na década de 90 um terreno de quase 500 metros quadrados - a área mínima de cada lote - era vendido por R$ 20 mil. Hoje, segundo ele, um terreno da mesma metragem chega a custar R$ 70 mil. "Sem ser condomínio fechado a City é o bairro que mais valorizou na cidade", diz.
A City está localizada no sub-setor 6 da Zona Sul ao lado de bairros como o Jardim Botânico e a Vila Del Fiori. Nessa área moram cerca de 2,5 mil pessoas em quase 750 casas, de acordo com dados do último censo (2000) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
Renda
Nessa região o IBGE calculou que moram 708 chefes de família e cerca de 66% deles recebem mais do que 15 salários mínimos por mês.
Apesar dos pontos positivos, alguns moradores do bairro afirmam se sentir esquecidos pelo poder público quando falam das praças e áreas verdes do bairro.
Por cauda disso, moradores como Tullio Santini e Fátima Mitre mantêm áreas verdes próximas de suas casas com recursos próprios. "O corte da grama e a pessoa encarregada por fazer esse serviço, por exemplo, são pagos por mim", conta Fátima.
A presidente da Sacy (Sociedade Amigos da City), Sirene Gregoldo, afirma que o bairro recebe pouca atenção por parte da prefeitura. "Não existe uma banco na City. Se uma pessoa idosa ou qualquer um precisar se sentar vai ter que fazê-lo na sarjeta. Depois de reivindicar muito tempo é que a comunidade conseguiu fazer um campo de futebol aqui e só", diz.
De acordo com a secretaria de Planejamento, não há qualquer pedido de implantação de praça na City Ribeirão.
PARTICIPE
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Tulio Santini criou praça
A homenagem é especialmente para a mãe do idealizador da praça, mas o ambiente é desfrutado por todos. A Piazza Nina Santini tem nome registrado na prefeitura e faz referência à "paixão da vida" do chef italiano Tullio Santini, radicado em Ribeirão desde a década de 60.
"Sinto prazer em ver as pessoas virem aqui para descansar. Em ver que as crianças têm um espaço verde e com sombra para brincar", diz.
Santini se mudou para a City há sete anos e quando chegou não gostou do terreno que encontrou em frente à sua casa, que seria destinado para área verde, mas sem implantação.
Ele conta que o lugar - entre a rua Natal de Lazzari, Miguel Tamburus e Célia M. Nahas - era depósito de entulho e sujeira. Diz que se sentia mal com aquele ambiente, por isso resolveu plantar flores e "enfeitar" o lugar.
Com a ajuda de um funcionário Santini retirou o lixo e criou uma praça no espaço com árvores frutíferas, plantas, bancos e elementos que, segundo o chef, têm um significado especial.
A explicação dele começa pela parte de cima da praça onde está uma estátua de barro de São Francisco de Assis e a réplica do poço que fica na entrada da cidade italiana.
Ainda, foi construída uma estátua de ferro para dona Nina. Ela está no meio da praça com uma peneira na mão "alimentando" os pássaros de gesso que estão aos seus pés. (Gazeta de Riberão)
Loteamento é de 1980
A Companhia City de Desenvolvimento, de São Paulo, é a responsável pelo projeto do bairro da City Ribeirão, feito na década de 80.
O conceito dele é o de urbanização de "bairro jardim", que pretende espaços harmônicos para o convívio social.
A companhia iniciou seus projetos de urbanização na cidade de São Paulo com a construção de bairros conhecidos como o Pacaembú e o Jardim América.
A construção da City Ribeirão é parte de um projeto da empresa que visava a interiorização de conceitos.
Algo parecido também foi desenvolvido pela Cia. em Piracicaba, Barretos, Itú e São José dos Campos.
"O desenvolvimento do empreendimento em Ribeirão fez parte dos projetos da Cia. City em cidades de grande importância no estado de São Paulo.
Os conceitos propostos pela companhia passam pelo planejamento de bairros que contam com a reserva de espaços públicos para o resgate da convivência urbana.
Com traçados viários adequados à topografia da região e restrições de uso dos terrenos. O que garante a manutenção das características do bairro e o respeito ao meio-ambiente", diz José Bicudo, presidente Cia. City. (Gazeta de Riberão)
PERSONAGENS
Vera Maria Guimarães Baliero Lodi, assistente social aposentada. "Eu falo que aqui é sítio, e não City". Vera comemora estar distante de seu vizinho para tocar seu piano e não atrapalhá-lo.
Paulo Cunha, comerciante. Há 10 anos abriu a única padaria do bairro. "Meu sócio da época e eu viemos aqui e constatamos a necessidade, daí resolvemos abrir o negócio".
Rita Maria Moreira Caldas, empresária. Quando se mudou, em 1983, linhas telefônica e de ônibus não chegavam ao local. "A minha casa foi a quinta a ser construída, mas valeu a pena".
Fernando Roberto Gabarra, dentista. Mudou-se para construir a casa própria onde hoje tem também o consultório. "Minha família me chamava de doido em vir para cá, Hoje três dos meus irmãos moram aqui".
Fátima Mitre, engenheira. Construiu e mantém um parque em frente ao seu bar, o City Point. "As crianças ficam à vontade brincando". Fátima conta que muito dos seus clientes são de cidades próximas e vizinhos.