Ribeirão Prêto em expansão
Construção civil Área licenciada para obras cresce 72% em um ano e supera 2008, até então o melhor da série histórica.
A área licenciada para a construção civil em Ribeirão Preto cresceu 72,90% nos primeiros quatro meses de 2010 em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram licenciados 766.793 metros quadrados para construções e reformas. No primeiro quadrimestre de 2009 a área foi de 443.475 metros quadrados.
O total deste ano é também 13,49% maior que o de 2008, considerado até então o melhor ano desde 2004, quando os dados são disponibilizados. A média mensal de 2010 saltou para 191.698 metros quadrados, contra 110.868 no ano passado e 168.908 em 2008. Nos meses de março e abril deste ano as áreas licenciadas ultrapassaram 300 mil metros quadrados cada.
“Há uma reação forte do mercado imobiliário. Uma recuperação sobre o ano passado que ficou um pouco retraído em função da crise internacional”, diz Fernando Piccolo, diretor do Departamento de Análise e Aprovação de Projetos da Secretaria de Planejamento e Gestão Pública. Segundo ele, o maior número de empreendimentos está na Zona Sul, já que nas demais há dificuldade de expansão.
Para o diretor regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-SP), José Batista Ferreira, é visível o aquecimento do setor na cidade. Ele credita o fato a vários fatores, como o aumento de crédito disponibilizado e o prazo de pagamento, que antes ia até 15 anos e agora chega a 30 anos. A valorização é outro atrativo. “Quem comprou um apartamento na (Avenida João) Fiúsa há três anos pagou R$ 300 mil e hoje consegue vender por R$ 600 mil”, disse.
Para Batista, no entanto, o principal fator para este momento positivo teve início em 1994, com a estabilização da moeda e a criação do real e o arranjo do parque industrial, que possibilitou o aumento de emprego. “Sem a estabilidade da moeda, não chegaríamos a este momento, porque com inflação alta seria impossível financiamentos e investimentos de longo prazo.”
No caso específico de Ribeirão, ele cita o fato de a cidade ter um movimento interno forte, provocado pelos setores de comércio e serviço.
Ex-bancário cria pequeno ‘império’
Há cerca de dois anos e meio o bancário aposentado Edson Coleto de Freitas, 59 anos, passou a construir casas para vender. Construía uma, vendia e construía outra. Passou a construir duas ao mesmo tempo. Hoje, junto com o filho Samuel Lourençato de Freitas, 27, “levanta” cinco unidades ao mesmo tempo. “Já vendemos casa até sem terminar, quando ainda estava na laje”, disse. O tempo de construção, documentação e venda leva de seis a sete meses, mas como ele criou uma carteira de construções, vende uma a cada 40 dias, todas financiadas. “O governo está colocando muitos recursos no mercado e ficou mais fácil vender. Imóvel de até R$ 100 mil, então, vende muito rápido”, afirmou. Até o valor, o imóvel entra na linha de financiamento do programa Minha Casa Minha Vida. O negócio dos dois tem dado resultados tão bons que Samuel, que é administrador de empresas, cuida de seus próprios empreendimentos. “Ele está tentando carreira solo”, brinca Edson. (GS)