Estimativa do PIB da construção é revista para baixo
Dados econômicos apresentados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) na Reunião de Conjuntura do sindicato, em 4 de agosto, levaram o SindusCon-SP a revisar a estimativa do PIB da construção, para queda de 7% em 2015 (a previsão anterior era de queda de 5,5%). A nova estimativa tem como base a nova expectativa de redução do PIB prevista de 2% para este ano (e não mais de 1,5%), segundo dados apresentados por Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção da FGV.
No dia seguinte, em nota à imprensa, José Romeu Ferraz Neto, presidente do SindusCon-SP, declarou que “a indústria da construção está sofrendo diretamente os efeitos da crise econômica, por sua vez alimentada pela crise política”.
Para o presidente do SindusCon-SP, “o que se espera do governo são ações que inspirem gradualmente a retomada da confiança. Perseverar no diálogo com o Congresso, ajustar despesas sem elevar os tributos, cuidar do crédito à produção e lançar a fase 3 do Programa Minha Casa, Minha Vida são algumas dessas ações necessárias”.
Na reunião, o vice-presidente de Economia do sindicato, Eduardo Zaidan, avaliou que o cenário negativo da construção decorre da ausência de investimentos da economia. “A saída do setor da crise virá no mínimo seis meses depois de a economia começar a dar sinais de recuperação. Mas o reequilíbrio das contas públicas somente se sustentará se o governo conseguir fazer reformas de longo prazo”, disse.
Ana Maria apresentou o desempenho dos indicadores que embasaram a nova previsão: reduções de 10,8% (384 mil empregos) do nível de emprego da construção brasileira nos 12 meses encerrados em junho, de 12,7% no segmento de imobiliário e de 15,3% no de infraestrutura; na comparação do acumulado até maio contra o mesmo período do ano anterior, quedas de 9,8% na produção de materiais de construção, 9,2% na produção de cimento e 5,74% no comércio de materiais.
A economista também chamou a atenção para o dado apurado na sondagem nacional realizada em julho pela FGV entre os empresários da construção, mostrando que apenas 9,5% pretendiam aumentar o contingente de pessoal empregado nos três meses seguintes, enquanto 43,4% revelavam a intenção de reduzi-lo.
Já o economista Robson Gonçalves, também da FGV, anteviu uma piora no cenário econômico, diante das dificuldades enfrentadas pelo governo para realizar o ajuste fiscal e da ausência de uma administração do regime cambial. “A construção ainda deverá operar com baixo nível de atividade por um longo prazo, talvez uma recuperação consistente seja possível somente a partir de 2020”, comentou.
Para Gonçalves, o governo precisaria se abrir para o diálogo, realizar o ajuste fiscal e administrar a política cambial para conseguir voltar a atrair o capital estrangeiro, que segundo ele já se retraiu. “Entretanto, o governo ainda enfrenta o dilema ideológico que impede a arrumação da economia”, disse.