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O centro de Ribeirão Preto é uma mão na roda.











Anna Regina Tomicioli



Boa localização, fácil acesso, ampla rede de serviços e aluguéis a preços competitivos são algumas das vantagens apontadas por trabalhadores e moradores do centro da cidade. Todos estes motivos levaram a assistente social Ana Camila Duarte de Oliveira a alugar uma kitchenette na rua Américo Brasiliense quando ainda era estudante e se mudou de Batatais para Ribeirão.
Ana deu sorte. Conseguiu encontrar um imóvel no perfil desejado na mesma quadra, praticamente do lado, do local onde estagiava na época e trabalha até hoje. Uma grande vantagem para alguém, como ela, que não tem carro.
“Priorizei essa região na época em que procurava lugar para morar pelas facilidades. Aqui tem tudo perto: ponto de ônibus, farmácia, padaria e também está perto da rodoviária”, diz Ana Camila.
Delimitação
Geograficamente, o centro é delimitado pela área compreendida entre a rua Campos Sales e a avenida Francisco Junqueira, como explica o empresário Antonio Carlos Maçonetto, presidente do Grupo Setorial Imobiliário da ACIRP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto).
Maçonetto confirma a tendência do centro ser bastante procurado tanto para fins residenciais como comerciais por um tipo de cliente com perfil específico.
Em geral, são estudantes de ensino médio e faculdades sem condução própria e profissionais liberais e autônomos.
“O estudante primeiro procura morar perto da escola. A segunda opção é o centro, pela acessibilidade ao transporte.
Já os profissionais preferem fugir dos prédios altos, onde os valores de aluguel e de condomínio são altos, e optam por estruturas menores, como as que o centro oferece”, descreve detalhadamente.

REPERCUSSÃO
Valor do aluguel é considerado satisfatório

Assim como a localização do imóvel, o valor do aluguel é fator preponderante para o inquilino fechar um contrato de locação.
O empresário Antonio Carlos Maçonetto explica que como a região central tem muitos prédios residenciais antigos, o custo de manutenção faz com que a taxa condominial seja elevada.
“Isso faz com que o preço do aluguel caia”, completa. Segundo ele, há casos onde o condomínio chega a ser até mais caro que o aluguel.
Para quem paga a conta, a matemática final compensa. “O custo pode até ser mais caro do que em outros bairros, mas só a economia que você faz com transporte já compensa”, avalia Ana Camila.
Melhor lugar - Depois de ter consultório em várias localizações da cidade, a psicóloga Miriam Lúcia Barreto escolheu o centro para trabalhar. E não se arrepende. Pelo contrário. “De todos, o melhor lugar é o atual”, avalia. Sobre os preços de aluguel comercial no centro, Miriam avalia serem até inferiores a valores cobrados em outros pontos da cidade. “Os preços estão dentro da realidade. São até inferiores a outros bairros que usam como propaganda estarem longe da agitação e do trânsito do centro.
Para a psicóloga, as pessoas costumam ter uma imagem estereotipada da região central, em geral associada a trânsito, falta de segurança, falta de infra-estrutura. “É possível encontrar lugares bons a preços acessíveis no centro da cidade. Temos que mostrar o ‘valor’ do centro para as pessoas que não sabem, não conhecem essa realidade”, comenta Miriam ao defender que o centro oferece boas condições de trabalho.
Clientes - Para ela, as vantagens de seu escritório ser na área central são extensivas a seus pacientes. “Tenho muitos pacientes que vêm de fora, de outras cidades, e aproveitam para passar o dia em Ribeirão, fazer compras, almoçar. O centro oferece condições para tudo isso”, avalia.

MERCADO
Sistema da Poli/USP analisa qualificação de edifícios

Quais são os melhores e mais bem equipados edifícios comerciais do Brasil? A resposta é possível através de serviço da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), que também define com mais critério os preços de venda e locação de cada um deles.
Trata-se do Sistema de Classificação da Qualidade de Edifícios de Escritórios, criado em agosto de 2004 pelo Departamento de Engenharia de Construção Civil, a partir de uma dissertação de mestrado da professora Ana Beatriz Poli Veronezi.
Características
A classificação é feita baseada na avaliação de cerca de 400 características do edifício analisado e sempre a partir do ponto de vista do usuário do prédio.
O serviço é prestado pelo Núcleo de Real Estate (NRE), ligado Departamento de Engenharia de Construção Civil.
Segundo o professor Claudio Tavares de Alencar, um dos integrantes do NRE, o sistema surgiu depois da constatação de que havia muita disparidade e critérios diferentes entre os sistemas de classificação existentes no país.
“Então resolvemos criar um sistema de classificação homogêneo, sofisticado e operado por uma instituição isenta, que é a USP”, explica ele, em relato à imprensa.
“Para isso, ouvimos os especialistas em edifícios comerciais, projetistas, arquitetos, construtores, incorporadores e usuários.”
Atributos
Alencar explica que entre os cerca de 400 atributos avaliados estão, por exemplo, a existência ou não de arcondicionado central, de gerenciamento informatizado de consumo de água e luz, autonomia energética (presença ou não de geradores), planta flexível, sustentabilidade ambiental e o número de vagas na garagem por área construída.
Cada item tem um peso e no final o prédio recebe uma nota, que pode ser AAA, AA, A, BBB, BB, B ou C. As notas têm duas classes, a nacional, que leva em conta apenas os aspectos físicos do edifício, e a local, que, além disso, também considera a localização do imóvel.

SERVIÇO
Cada classificação pode custar até R$ 8 mil

O serviço é prestado mediante contrato com o proprietário do prédio. O preço de cada classificação pode variar de R$ 6 a 8 mil. A análise é feita por um engenheiro do NRE, que durante cerca de um mês vistoria todo o prédio e no final elabora um relatório.
Esse documento é então analisado por um comitê de cinco profissionais, também do NRE, que pode aprová-lo ou recomendar novas vistorias. Até agora, o NRE classificou mais de 20 edifícios comerciais, todos da cidade de São Paulo, e está analisando outros quatro.
Entre os classificados, pelo menos quatro obtiveram a classificação AAA: e-Tower, na Vila Olímpia, Faria Lima Financial Center e CENU (torres Norte e Oeste), os três no Itaim Bibi.
Além dos prédios prontos, o NRE está começando a analisar projetos de construção. “Fomos contratados pelos construtores de um edifício para que analisássemos o projeto para verificar se, quando pronto, ele poderia receber a classificação AAA”, conta Alencar. “Talvez isso possa vir a ser uma nova tendência.” Para ele, a classificação dos edifícios comerciais é uma referência para o mercado. “Ela serve para os proprietários conhecerem os problemas de seus edifícios e tentar resolvê-los”, explica. “Mas é também é muito importante para os usuários, os inquilinos, que podem avaliar melhor o valor do aluguel que pagam.”



Jornal A Cidade - 19/03/2006